terça-feira, 12 de outubro de 2010





ONÉSIMO – RESTAURANDO A CONFIANÇA PERDIDA.

Baseado no livro FILEMOM.

"Quando acertamos, ninguém se lembra. Quando erramos, ninguém se esquece." (Anônimo).

Considerações de Paulo sobre a pessoa de Filemom (4-7):

Vs.4 – Sua vida me alegra e agradeço a Deus por você existir.

Vs.5 – Você é um homem de fé e amor. Ama a Jesus e transborda desse amor às pessoas.

Filemom era aquele tipo de crente amado por muitos crentes por seu bom testemunho de amor e fé em Jesus Cristo.

Vs.7 – Filemom, sua maneira de viver, anima outros cristãos em suas caminhadas na fé cristã.

Se você lembrar que Paulo estava preso em Roma, por causa da sua fé em Cristo (uma ameaça para os interesses do império romano na época), o testemunho de Filemom ganha mais importância ainda, pois trata-se de um homem que, por sua vida, tem mantido outros homens animados a viver a fé em Jesus Cristo.

Paulo cumpre o papel de mediador/conciliador entre ofensor (Onésimo) e ofendido (Filemom):

Vs.8-9 – “...para te ordenar o que convém...” – Paulo não só tem consciência de sua autoridade como apóstolo, na missão de ensinar, corrigir e direcionar essas primeiras comunidades de cristãos, mas continua com a consciência de que tem coisas a serem resolvidas entre os crentes que devem depender da espiritualidade e não da autoridade humana.

Duas possibilidades que Paulo tinha para agir nessa situação entre Onésimo e Filemom:

Uma forma possível: Paulo, como apóstolo, grande líder entre os cristãos, usando de sua autoridade e respeito conquistado por uma biografia de fidelidade à Deus, poderia usar desse histórico para ordenar à Filemom que fizesse como ele explicou, sem mais discussões.

Outra forma possível: Paulo, como apóstolo, grande líder cristão, conhecedor do poder de Deus para transformar pessoas (como fez com ele mesmo – de perseguidor dos cristãos à fundador de igrejas cristãs), usou de sua influência para solicitar à Filemom, em nome do amor

quanto a situação de Onésimo.

Aplicação: Muitas vezes, quando a confiança é perdida entre os irmãos, a melhor maneira de buscar a restauração não é pela pressão ou para satisfazer a vontade de um líder, mas sim, permanece a receita usada por Paulo, em nome do amor.

Vs.10 – Paulo dá uma notícia que pode ter deixado Filemom muito surpreso: Onésimo agora é crente! Lembre-se que, quem está recebendo essa notícia conviveu com Onésimo como seu escravo (relação de trabalho), que o havia roubado.

Pronto, o homem agora é crente e agora, como vou tratá-lo. Se ele voltasse (de Roma) para trabalhar aqui (Colossos), com que “cara” eu iria receber um escravo que me deixou um prejuízo?

Cumprindo um papel de mediador, Paulo dá a notícia que deve mudar toda a história de ofensa entre Filemom e Onésimo.

“...meu filho Onésimo...” – Paulo, fala sobre Onésimo, agora seu filho na fé. É um pecador restaurado em Jesus Cristo. Portanto, não se trata de alguém que vive em pecado e não teme a Deus. Ora, se é um crente, porque duvidarmos de sua mudança de vida, a tal ponto de não lhe darmos uma chance?!

Pense comigo que tipo de pensamento pode ter ocupado a mente de Filemom?!

Alguém poderia questionar: Paulo não está sendo muito conivente com o erro de Onésimo? Geralmente, é comum rotular as pessoas que saem em defesa para ajudar alguém que tropeçou de pessoas tolerantes demais, ou até mesmo, chamá-las de coniventes com o erro. Seria correto rotular Paulo desse jeito, por estar saindo em favor de Onésimo? Não. Se você lembrar o histórico do comportamento de Paulo para com crentes em pecado, verá o contrário. Basta lembrar-se do seu caráter firme demonstrado noutras situações que envolvia pecado e correção, por exemplo: na cidade de Filipos tinham dois crentes com problema de comunhão e Paulo mandou que eles resolvessem – “Rogo a Evódia e rogo a Síntique pensem concordemente, no Senhor...” (Fl. 4:2); falando de um problema gravíssimo de imoralidade dentro da igreja em Corinto, Paulo foi direto – “Eu, ainda que ausente em pessoa... Já sentencie (decidi)... entregue a Satanás...” (I Co. 5:3,5) e, ainda na igreja em Corinto, foi claro ao dizer que não pouparia aquele que estava vivendo em pecado, no meio da igreja de Cristo (II Co. 13:2).

“...que gerei entre algemas...” – Onésimo era um dos “filhos na fé” do apóstolo Paulo.

Seu nome foi citado na carta aos irmãos de Colossos – 4:7-9 – onde é lembrado como um crente fiel e amado, muito útil no ministério do apóstolo Paulo, para ajudar a igreja daquela cidade.

Essa informação reforça o que já foi dito: Paulo não está pedindo por um crente sem testemunho de vida cristã, mas sim, por uma pessoa que tem um histórico de fidelidade a Deus e serviço na igreja, que após perder a confiança, agora precisava restaurá-la!

Vs.11 – “...antes, te foi inútil...” – O papel de quem age como medidor não é encobrir ou negar o pecado. Até Paulo reconheceu que Onésimo, tornou-se “inútil” para Filemom...

Vs.13 – “...algemas...” – Na carta essa palavra aparece com frequência. É uma forma de sabermos da condição em que o escritor dela se encontrava naquele momento: preso na cidade de Roma.

“Eu queria conservá-lo comigo mesmo para, em teu lugar...” – Conquistar a confiança das pessoas não é nada fácil. Lembrei de um episódio quando terminei a faculdade, preparei meu currículo e comecei a visitar algumas escolas em busca de uma oportunidade para começar a ser professor de História. Em duas delas, a funcionária que me recebeu se comportou da mesma forma: me recebeu com simpatia, leu meu currículo, deu umas palavrinhas de estímulo que um iniciante gosta de ouvir, conversa vai, conversa vem... Terminou guardando meu currículo numa gaveta e dizendo pra mim: Você é muito novo, tem muito a aprender pela frente, vá noutras escolas, com o tempo você vai ganhar experiência!

Ora, já pensou se todas as escolas que eu tivesse visitado reagissem assim?

Paulo não está simplesmente pedindo para Filemom receber Onésimo e agüentar os problemas de uma pessoa que poderia muito provavelmente dar trabalho. Paulo assegurou que valia a pena receber Onésimo, pois ele mesmo queria tê-lo como auxiliador e mais ainda interessante para Filemom saber, Ónésimo ocuparia o lugar de Filemom.

Vs.14 – A restauração que Deus quer entre pessoas que perderam a confiança deve ser na base do amor e não da obrigação.

Por amor, Paulo está evitando que Filemom receba Onésimo:

a) Só pra fazer a vontade de Paulo; b) Para “ganhar uns pontos” com Paulo, um líder muito respeitado; c) Por pressão, o que mais tarde poderia gerar uma revolta maior de Filemom contra todo o ocorrido.

Vs.15 – A perspectiva de um homem espiritual. Às vezes não entendemos o porquê das situações: afastamento, necessidades, tristeza, etc. Quanto mais olhamos com nossos olhos, menos entendemos.

Olhando com a perspectiva de Deus, vemos além do que nossos olhos podem ver. Paulo mostrou que, quando observamos com a perspectiva de Deus:

a) Procuramos restaurar relacionamentos e não isolar as pessoas.

b) Acreditamos que Deus pode restaurar alguém que caiu e não deixá-la no esquecimento.

c) Deixamos de enxergar só o pecado da pessoa para dar atenção à pessoa que pecou.

d) Ainda mais, enxergamos que bons frutos podem ser colhidos até mesmo de situações ruins – “... acredito que ele veio a ser afastado de ti temporariamente, a fim de que o recebas para sempre...” – (15).

Vs.16 – “... não como escravo; antes, muito acima de escravo, como irmão caríssimo...”.

A força do perdão de Deus é muito grande. Capaz de mudar o padrão social de relacionamento entre as pessoas.

Filemom, um senhor de escravos. Onésimo, um escravo.

Pensando as relações sociais num regime de trabalho escravo no tempo em que Paulo escreveu essa carta: ano 61 d.C.

O perdão de Deus ultrapassa os limites criados pela sociedade, quebrando as regras baseadas em status social. Nós no corpo de Cristo, Sua igreja, temos diferentes ocupações sociais, mas temos o mesmo valor perante Cristo. “Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos (independente de etnia – grifo meu), quer escravos, quer livres (independente de nossa condição social)” (I Co.12:13).

Quando o perdão de Deus é nossa regra de prática nos relacionamentos, vivemos o amor de Cristo, e tratamos com amor as pessoas, não pelo que elas tem ou pelo cargo profissional que ocupam, mas sim, pelo que Cristo fez na vida daquela pessoa, o mesmo que fez em mim: perdoou todos os nossos pecados!

Vs.18 – O pecado causa danos. Danos que precisam ser reparados. Reparação que tem um preço.

Onésimo teria fugido da casa de Filemom, quando trabalhava para ele como escravo. E o motivo de sua fuga, foi porque ele teria roubado Filemom. Sendo assim, teria deixado esse homem com algum prejuízo, claro, além da confiança perdida.

Paulo está disposto até mesmo a pagar o preço material do dano causado por Onésimo à Filemom. Paulo está servindo de mediador entre o ofensor e o ofendido; um mediador disposto a arriscar seu próprio nome/vida/bens. Agora pense no dano que você causou com seu pecado que é contra Deus. Esse dano nenhum outro pecador pode pagar o preço por você. Por isso, somente em Jesus Cristo, sua culpa é apagada perante Deus.

“Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelos nossos pecados; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is.53:5).

“E não salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At.4:12).

Vs.21 - Perdoar, visando restauração de confiança e assim, restabelecendo relacionamentos, não dá nenhum mérito a quem perdoa, porque quem perdoa está OBEDECENDO a Deus.

Vs.24 – Nada melhor do que pedir e buscar a reconciliação entre pessoas, quando nós mesmos já experimentamos o valor da reconciliação.

Esse Marcos, que Paulo cita no final da sua carta à Filemom, sabe o que já havia acontecido entre Paulo e ele? Veja Atos 15:36-41. Paulo, que um dia tinha se separado do companheiro Barnabé por não concordar com a presença de Marcos na obra missionária, agora tinha como parceiro presente.

Aplicando: Você pode até estar bem em vários aspectos, mas ainda sim, ter algum (mesmo que seja só uma coisa) problema que precisa ser tratado.

As coisas certas que você faz não anulam a responsabilidade sobre coisas erradas que precisam ser resolvidas.

O homem pode ver assim: as várias coisas certas que faço me deixam tranqüilo mesmo que ainda haja uma ou duas coisas erradas que pratico. Deus vê diferente: elogia e se alegra pela obediência (como fez o apóstolo Paulo à Filemom), mas nunca usará dos elogios para encobrir a repreensão/correção.

Sua vida sempre deve estar à disposição do exame de Deus, para ver o que precisa ser corrigido!

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