segunda-feira, 1 de novembro de 2010

I Samuel 1 e 2

Introdução:

Sobre o livro:

Constitui um elo entre os juízes e a monarquia (duas formas de governo humano entre o povo de Israel).

Samuel foi o último da era dos juízes (um homem que servisse de líder do povo de Israel para erguê-los da decadência e desunião que surgiu depois da morte do grande líder Josué, logo após o retorno do povo judeu a Terra Prometida após a libertação do Egito).

Seu trabalho como juíz ocorreu num contexto histórico de decadência espiritual do povo de Israel – Jz 21:25 – “Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto”.

“Naqueles dias, a palavra do Senhor era mui rara; as visões não eram freqüentes” – I Sm.3:1.

Samuel chamou o povo para um reavivamento do culto ao verdadeiro Deus, em meio ao culto a deuses. Também cumpriu um papel importante na passagem para o governo dos reis (monarquias), ungindo Saul (10:1) e Davi (16:13).

Portanto, sabemos que Samuel foi usado por Deus num momento crítico da história de Israel.

Seu conteúdo:

O assunto central do livro: os efeitos do pecado e da santidade em relação ao povo (Israel) e aos líderes.

A luta entre Davi e Golias (cap.17), a amizade entre Davi e Jônatas (cap.18) e a visita que Saul fez a feiticeira de En-Dor (cap.28), são as histórias mais conhecidas do livro.

Mas a mensagem de hoje se concentrará em outras 2 histórias, não menos importante que as já mencionadas.

Uma mãe – o testemunho de Ana.

I Samuel 1; 2:1-10:

Geografia: “Ramataim-Zofim, da região montanhosa de Efraim”-

Sobre a família de Ana (I Sm 1:1-5):

Com relação a bigamia de Elcana: Deus sempre idealizou o casamento como a união de um homem com uma mulher (Gn.2:24). No entanto, na lei judaica havia uma abertura para tal relacionamento com a finalidade de manutenção da descendência (Dt.21:15-17 – tratando do direito de primogenitura) e no casamento de levirato? (Dt.25:5-10).

Portanto, nada de querer aprovar a união do homem com várias mulheres, desconsiderando o contexto do fato aqui narrado. Além disso, é salutar lembrar que mesmo que, em alguns casos necessários, a bigamia não era exemplo de vida familiar de felicidade (I Sm. 1:6-7).

Sobre o marido de Ana:

Os homens israelitas deviam ir ao lugar central de adoração 3 vezes por ano – Festa dos Pães Asmos, de Pentecostes e dos Tabernáculos. Elcana, seu marido, era um homem que cumpria as ordenanças de Deus para com a adoração ao Senhor – 1:3a.

Elcana demonstrava claramente seu amor e consideração como esposa à Ana, mesmo que ela não lhe garantisse uma família numerosa, motivo de honra entre o povo judeu daquela época – 1:4-5.

A primeira vez que o livro dá atenção ao testemunho de Ana, faz um contraste entre o comportamento dela e o de Penina – vs.6-7:

Penina – provocava a ponto de irritar Ana, sempre usando o fato dela não poder ter filhos. Ana – A reação dela não era contra-atacar apesar de sofrer muito com os ataques vindos das palavras de Penina.

Duas mulheres, dois carateres diferentes. Não bastasse a humilhação popular que Ana suportava naquela cultura que valorizava a fertilidade feminina, ainda havia os ataques constantes de Penina.

Quem tinha motivos para se revoltar e passar a se comportar de forma vergonhosa, Ana, não fez. Enquanto isso, Penina, mostrava um caráter reprovado por Deus.

Penina tinha filhos, mas não tinha fidelidade a Deus. Ana não tinha filhos, mas tinha firmeza em não se deixar levar pelos ataques que lhe atingiam.

O caráter de alguém fiel a Deus, não é abalado pelas circunstâncias.

Sobre a 1ª oração de Ana:

Vs.10 – Orando com muita tristeza no coração.

A dor e choro não afastaram essa mulher da presença de Deus. São duas coisas que afastam muitos crentes da prática da oração.

Ana tinha um problema com pessoas (Penina e a pressão do povo que sabia que ela era estéril), mas foi tratar primeiro com Deus. Pessoas espirituais levam seus problemas a Deus, antes de levá-los a qualquer outra pessoa.

A oração de Ana tem dois “Ds”:

DEPENDÊNCIA – “...se benignamente atentares para a aflição da tua serva...” – vs.11.

Quando orarmos devemos ir a Deus lembrando que Ele é soberano e assim, sabe, sem a nossa opinião o que é melhor ocorrer. Note não necessariamente o que queremos, mas o que Deus sabe que é o melhor.

Nossa situação particular não nos dá autoridade para exigir de Deus aquilo que queremos ou achamos necessário.

DEDICAÇÃO – “...ao Senhor o darei...” – vs.11.

Oração que pede para depois devolver. É comum esse tipo de pedido?

Assim, ela revela que não quer engravidar só para mostrar para Penina que também tinha um filho de Elcana.

O filho seria dela, mas ela, antes mesmo que ele nascesse já assumia o compromisso de entregá-lo a Deus.

DEPENDÊNCIA + DEDICAÇÃO = FIDELIDADE. A fidelidade de um crente ao Senhor se mede pela maneira como Ele trata aquilo que ele tem como de mais valor em sua vida.

Um episódio curioso, enquanto Ana orava (I Sm.1:12-16):

Quando o caráter de Ana foi posto em dúvida:

Vs.12-13 – Eli se apressou a julgá-la, dando mais valor a aparência.

“É melhor orar de coração, mas sem palavras, do que orar com palavras, mas sem coração” (John Bunyan).

Precisou se explicar e mostrar que foi um mal entendido num prejulgamento de Eli – vs.15. Mostrou-se zelosa, defendendo o seu bom testemunho, para não posta em dúvida sua fidelidade e adoração somente a Deus – vs.16.

Um crente fiel e dedicado a Deus, nunca deve ignorar quando alguém colocar seu testemunho em dúvida. O diabo, nosso adversário, quando quis tocar na vida do “homem íntegro e reto, e temente a Deus e que se desviava do mal (Jó)”, atacou este homem, pondo em dúvida a obediência dele a Deus.

Proteja e zele pelo seu testemunho, pois é o nome de Deus que está em questão!

Um ano depois, Deus atendeu a oração de Ana:

Vs.19-22 – No mínimo um ano tinha se passado e Ana não se fez de esquecida ou resolvida a não cumprir o que tinha assumido numa oração de um ano atrás.

Num tempo em que as pessoas querem determinar que Deus atenda suas vontades e, além disso, sem demora, o testemunho de Ana, revela um Deus que não se deixa pressionar por vontade humana e uma mulher como Ana, cumpri com o que diz em oração.

VS.24a, 26-27 – Se eu pedisse pra você escrever um dos pedidos que você fez no último culto de oração, você lembraria?

Quase 2 anos depois daquela oração que pediu o menino, agora Ana ora relembrando o pedido e cumprindo o compromisso assumido.

Fidelidade é algo que não se corrói com o tempo.

Essa mulher tinha no relacionamento pessoal com Deus. Não iria esquecer daquEle que nunca a desamparou.

Sua fidelidade a Deus não se mede pelo que você faz quando tudo está andando muito bem, mas sim, quando as coisas não vão do jeito que você quer.

(I Sm.1:25-28):

a) Mais de um ano passou, e na hora em que Deus se lembrou de Ana, Ana não se esqueceu de Deus – “...tão certo como vives...” – vs.26. Você pode até não esquecer o que quer e frequentemente pede a Deus, mas peca, quando recebe e não lembra que foi Deus quem deu, Ele quer lhe dizer porque lhe deu ;

b) O que você recebeu, reconhece pertencer a Deus? É capaz de devolver a Ele, se Ele pedir?;

c) “E eles adoraram ali o Senhor” – vs.28: Deus é adorado quando vivemos de forma a demonstrar que Ele é soberano sobre quem somos, o que queremos e o que temos.

Sobre a 2ª oração de Ana – Deus ensinou algumas lições, que Ana só aprendeu porque passou pelo que passou:

"Há algumas virtudes suas que jamais seriam descobertas
se não fossem as provações pelas quais você passa."

(Pr. Charles Spurgeon).

Sempre que coisas desagradáveis acontecem, perguntamos o porque!

Deus, através de Ana, está mostrando que o descrente geralmente pergunta o porque, mas o crente deve perguntar “para que”!

Deus é soberano e tem propósitos até nas adversidades que enfrentamos.

5 coisas sobre o nosso grande Deus, na oração de Ana:

1) A alegria do Senhor – vs.1.

2) A majestade do Senhor – vs.2-3.

3) A graça do Senhor – vs.4-8ª.

4) A proteção do Senhor – 8b -10ª.

5) O reino do Senhor – 10b.

Deus faz uma reviravolta nas coisas a fim de realizar os seus propósitos!

Considerações Finais:

a) Obediência, desobediência, alegria, tristeza, crescimento, decadência... Uma história cheia de altos e baixos, essa do povo de Israel. Mas é também uma história de que, mesmo o povo derrotado, Deus continua com a vitória. Deus é soberano. Samuel preparou o “terreno” para a chegada do rei Davi ao poder. Jesus Cristo, a quem Deus enviou ao mundo para pagar pelos nossos pecados, nasceria da linhagem de Davi. Quer dizer que, em meio a pecados e fracassos do povo de Israel, Deus, soberanamente, prevalece, para que todos os seus planos sejam cumpridos.

b) Apesar das pessoas, Deus está sempre no controle. Nem a negligência de Eli, muito menos a fraqueza espiritual do povo de Israel, impediu que Deus levantasse um homem para cumprir Seus propósitos.

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